domingo, 30 de junho de 2013

Obrigada

Ontem à noite fui sair. Foi uma noite de meninas e, apesar de ter uma lista de coisas que podiam levar-me a classificar a noite como má, há outra lista de coisas boas que me fazem pensar que talvez a saída até tenha sido boa. 
Algo que me deixou bastante feliz, por me ter apanhado de surpresa, foi o facto do meu ex-namorado ter intervido numa situação que me estava a deixar bastante incomodada. Na altura em que me virei para afastar quem me estava a incomodar, vi-o a agarrar no antebraço do rapaz que me estava a tocar no corpo. Fiquei parada a olhar para os braços deles e antes  que eu tivesse reacção para afastar o individuo depois do que vi, o meu ex-namorado afasta-o e fica mesmo atrás de mim, entre mim e o outro rapaz. 
Foi aí que percebi que afinal ele ainda se importa e preocupa comigo (ou então era alguma espécie de ciúmes), apesar de ele já ter dado sinais disso quando me tentava manter distraída nas alturas em que os meus pensamentos que me afundavam e me imobilizavam ao me atirar com papelinhos. Porém, eu achei isso uma falta de respeito para comigo e fiquei magoada e irritada com ele, porque ele sabe que eu não gosto disso. Mas a verdade é que ele, com isso, afastava-me do que realmente me estava a entristecer, e até houve uma altura em que ele me mandou uma sms, no fim da aula, a dizer que me animava as aulas e aí fiquei a saber realmente a intenção dele. Não me animava, apenas fazia-me sentir algo mais vivo do que estava a sentir, porque ocupava o vazio que sentia a me irritar, e, no fundo, agradeci-lhe por isso.
E foi aí que vi as minhas amigas sorrirem com o gesto dele, apesar de não gostarem  muito dele por causa do que ele me fez, mas ele é boa pessoa. Ele tem aquele ar de insensível e de "engraçadote", mas há muito mais nele que nunca ninguém se dá ao trabalho de descobrir e foi isso que me fez apaixonar por ele e ama-lo por bastante tempo, porque ele é carinhoso, romântico, compreensível, sabe ouvir e o que dizer, é inteligente,  protege as pessoas que gosta (como os amigos, para quem ele está sempre lá) sabe lidar com crianças... 
E agora apercebo-me que já vai um ano desde que deixámos de trocar palavras cara a cara e que ele me substituiu; já vai um ano desde que começámos a comunicar com olhares quando nos cruzava-mos e nas salas de aula, e a desviar o olhar quando o outro se apercebia e não era suposto saber que estava a ser mirado; já vai um ano desde a última vez que me senti verdadeiramente feliz e terrivelmente infeliz.
Hoje vi os pais dele. Perguntei-me se o pai dele me reconheceu quando me viu e desejei que o meu pai não reconhecesse o ex-colega de trabalho e que não o fosse cumprimentar, porque ia ser constrangedor para mim. Perguntei-me se a mãe dele me viu quando olhou e se ela me teria observado de alto abaixo como faz quando passa por mim (a primeira vez que o fez o meu pensamento foi: "sim, sou melhor e mais bonita que a namorada actual do seu filho, pode comparar à vontade!", não me condenem mas eu andava numa fase de ciúmes silenciosos - se é que isso existe - e não tenho nada contra a senhora, antes pelo contrário).
E eu sei que já vai muito tempo e que o devia esquecer, mas a verdade é que já não o amo, e cada vez fico menos incomodada com a presença dele, o problema é que eu demoro a me apaixonar e dificilmente me entrego a relações (aliás, até hoje só me entreguei a uma porque só amei uma pessoa) e como se torna difícil para me agarrar a alguém, também se torna difícil me largar completamente. Mas sinto que agora o que ainda me agarra são as saudades das memórias, e não as saudades dele, e isso entretanto também passa.

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