sexta-feira, 12 de julho de 2013

Eu e os pressentimentos


Antes de sair de casa tive um pressentimento que me ia cruzar com ele na escola. Cheguei lá e nada. Estava na secretaria, sentada de costas para a porta, quando me viro para trás por ouvir uma voz familiar, e lá estava ele a entrar. Ainda bem que estava sentada porque as minhas pernas teriam ficado como varas-verdes, visto que já mal consegui acabar de preencher o impresso para a segunda fase dos exames. Senti a minha respiração falhar e o meu coração bater descompassado, e não sei ao certo porquê. Tive de respirar fundo e não voltar a olhar para ele, até porque estava lá a namorada a observar. Mas houve uma altura em que tive de o fazer, enquanto ele estava a falar com a senhora que me estava a atender, e ele começou a gaguejar um bocado e até deixou cair qualquer coisa no chão a seguir. Depois disso, mantive o olhar fixo noutros locais até ele sair. 
Eu sou de ficar, por vezes, nervosa e atrapalhada enquanto falo com pessoas desconhecidas, agora ele não é nada desse tipo, por isso não sei. Eu nunca soube nada mesmo. Mas de algo sei: fiquei nervosa quando o vi, o que já não acontecia há meses, mas deve ter sido por causa do pressentimento ter estado correto, porque por mais nenhuma razão seria. 
Só não adivinho a chave do euromilhões.

Dia de praia


Este dia de praia caiu que nem ginjas. Estar com amigos (alguns deles que já não via há algumas semanas) e e rirmos juntos foi do melhor que me podia ter acontecido nesta altura. 
Apesar do tempo ter estado completamente encoberto e um pouco de vento, até não estava muito frio na praia, e o mar estava uma maravilha, mas como não podia deixar de acontecer, tive de ficar enrolada na minha última onda - tenho uma marca vermelha das costas até à perna como recordação. 
Olhei sempre em redor à esperar de ver uma pessoa, porque estava na parte do areal onde costuma estar com os amigos, mas em vão. Vi os nossos amigos em comum, mas nenhum sinal dele. E se calhar foi melhor assim. Mas depois tiveram de trazer o nome dele, do nada, à tona:

Amiga: Tu e o x têm falado?
Eu: Não desde o fim das aulas.
Amiga: É que ele, na outra noite, não tirava os olhos de ti enquanto estavas divertida a dançar.
Eu: *curto silêncio* Pois, ele de alguma forma deve ter reparado no que me fizeram...
Amiga: Mas o olhar dele não era, como hei-de explicar, de maldade. Nem era *faz um olhar de quem te está a comer com os olhos*.
Eu: Então?
Amiga: Era um olhar doce, querido.

Então aí percebi que afinal ele ainda olhava para mim, e que a razão dos nossos olhares não se cruzarem tantas vezes como antes não era porque ambos tinha-mos deixado de olhar um para o outro, mas porque eu tentava não olhar para ele tanta vez. E aí desejei mesmo vê-lo, mesmo estando ele acompanhado com a namorada. 
Nós podemos não trocar palavras, mas falamos pelo olhar. Podemos não dizer que gostamos de ver o outro sorrir, mas ficamos a observar o brilho no rosto do outro até este acabar ou até o outro se aperceber. E era isso que eu queria ver: um sorriso de alegria na cara dele. Porque tudo o que lhe desejei, e ainda desejo, é felicidade, apesar de ele me ter deixado na miséria e apesar da felicidade dele estar com outra pessoa.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A sentir-me adulta


E mais uma vez estou-me a sentir adulta. Desta vez fui ao médico sozinha. Entrei no consultório totalmente sozinha, pela primeira vez. Sem mãe, sem pai, sem irmão, sem amiga. Apenas eu, e fiquei contente. O próximo momento vai ser quando for ao Banco e me for inscrever na Escola de Condução.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Nintendo, o meu vício de criança

Vi esta imagem e lembrei-me das longas tardes passadas em casa dos meus tios a jogar Nintendo, sentada na alcatifa da sala deles a menos de um metro do televisor. Perdia a conta às horas enquanto ajudava o Mário a salvar a sua princessa, enquanto caça fantasmas, ou enquanto jogava Zelda e outros clássicos. Vi esta imagem e deu-me uma grande vontade de voltar a jogar todos esses jogos.

domingo, 30 de junho de 2013

Obrigada

Ontem à noite fui sair. Foi uma noite de meninas e, apesar de ter uma lista de coisas que podiam levar-me a classificar a noite como má, há outra lista de coisas boas que me fazem pensar que talvez a saída até tenha sido boa. 
Algo que me deixou bastante feliz, por me ter apanhado de surpresa, foi o facto do meu ex-namorado ter intervido numa situação que me estava a deixar bastante incomodada. Na altura em que me virei para afastar quem me estava a incomodar, vi-o a agarrar no antebraço do rapaz que me estava a tocar no corpo. Fiquei parada a olhar para os braços deles e antes  que eu tivesse reacção para afastar o individuo depois do que vi, o meu ex-namorado afasta-o e fica mesmo atrás de mim, entre mim e o outro rapaz. 
Foi aí que percebi que afinal ele ainda se importa e preocupa comigo (ou então era alguma espécie de ciúmes), apesar de ele já ter dado sinais disso quando me tentava manter distraída nas alturas em que os meus pensamentos que me afundavam e me imobilizavam ao me atirar com papelinhos. Porém, eu achei isso uma falta de respeito para comigo e fiquei magoada e irritada com ele, porque ele sabe que eu não gosto disso. Mas a verdade é que ele, com isso, afastava-me do que realmente me estava a entristecer, e até houve uma altura em que ele me mandou uma sms, no fim da aula, a dizer que me animava as aulas e aí fiquei a saber realmente a intenção dele. Não me animava, apenas fazia-me sentir algo mais vivo do que estava a sentir, porque ocupava o vazio que sentia a me irritar, e, no fundo, agradeci-lhe por isso.
E foi aí que vi as minhas amigas sorrirem com o gesto dele, apesar de não gostarem  muito dele por causa do que ele me fez, mas ele é boa pessoa. Ele tem aquele ar de insensível e de "engraçadote", mas há muito mais nele que nunca ninguém se dá ao trabalho de descobrir e foi isso que me fez apaixonar por ele e ama-lo por bastante tempo, porque ele é carinhoso, romântico, compreensível, sabe ouvir e o que dizer, é inteligente,  protege as pessoas que gosta (como os amigos, para quem ele está sempre lá) sabe lidar com crianças... 
E agora apercebo-me que já vai um ano desde que deixámos de trocar palavras cara a cara e que ele me substituiu; já vai um ano desde que começámos a comunicar com olhares quando nos cruzava-mos e nas salas de aula, e a desviar o olhar quando o outro se apercebia e não era suposto saber que estava a ser mirado; já vai um ano desde a última vez que me senti verdadeiramente feliz e terrivelmente infeliz.
Hoje vi os pais dele. Perguntei-me se o pai dele me reconheceu quando me viu e desejei que o meu pai não reconhecesse o ex-colega de trabalho e que não o fosse cumprimentar, porque ia ser constrangedor para mim. Perguntei-me se a mãe dele me viu quando olhou e se ela me teria observado de alto abaixo como faz quando passa por mim (a primeira vez que o fez o meu pensamento foi: "sim, sou melhor e mais bonita que a namorada actual do seu filho, pode comparar à vontade!", não me condenem mas eu andava numa fase de ciúmes silenciosos - se é que isso existe - e não tenho nada contra a senhora, antes pelo contrário).
E eu sei que já vai muito tempo e que o devia esquecer, mas a verdade é que já não o amo, e cada vez fico menos incomodada com a presença dele, o problema é que eu demoro a me apaixonar e dificilmente me entrego a relações (aliás, até hoje só me entreguei a uma porque só amei uma pessoa) e como se torna difícil para me agarrar a alguém, também se torna difícil me largar completamente. Mas sinto que agora o que ainda me agarra são as saudades das memórias, e não as saudades dele, e isso entretanto também passa.
 
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